Uma crítica ao argumento de que a homossexualidade era amplamente aceita na Roma Antiga, refutando a ideia de que a sociedade romana era progressista nesse aspecto. Thiago Braga, o autor, contesta a visão romantizada apresentada por alguns historiadores, como o professor Carnal, destacando que a realidade era muito mais complexa e que a homofobia era presente e até institucionalizada. Ele utiliza fontes históricas e acadêmicas para demonstrar que as relações homossexuais eram frequentemente criticadas e até criminalizadas, especialmente quando envolviam cidadãos livres em papéis passivos.
Braga cita obras clássicas, como as de Plutarco, Ovídio e Sêneca, para mostrar como a homossexualidade era vista com desprezo na Roma Antiga. Por exemplo, Sêneca, um filósofo estoico, condenava homens que adotavam comportamentos afeminados ou passivos, considerando-os contrários à natureza. Da mesma forma, Plutarco descreve a homossexualidade de Pompeu de forma negativa, associando-a à degeneração. Esses relatos indicam que longe de ser normalizada, a prática era alvo de escárnio e repressão.
Um dos pontos centrais da argumentação é a distinção entre os papéis ativo e passivo nas relações homossexuais. Enquanto um cidadão romano podia ter relações com escravos como forma de dominação, a passividade era vista como vergonhosa e até criminosa. A Lex Scantinia, lei romana anterior ao cristianismo, punia com severidade a homossexualidade entre homens livres, especialmente se envolvesse passividade, equiparando-a a crimes como estupro. Isso desmonta a noção de que a homofobia surgiu apenas com as religiões monoteístas.
O vídeo também critica a idealização da Grécia Antiga como um paraíso LGBT, argumentando que mesmo lá a pederastia (relação entre um homem mais velho e um jovem) era alvo de controvérsias e críticas. Filósofos como Xenofonte e Platão problematizavam essa prática, mostrando que ela não era tão aceita quanto alguns supõem. Braga reforça que a visão de uma antiguidade tolerante é uma simplificação anacrônica, projetada por desejos modernos de representação histórica.
Além disso, o autor refuta a ideia de que o cristianismo foi o grande vilão da homossexualidade, destacando que a repressão já existia em leis e costumes romanos séculos antes. A professora Amy Richlin, especialista no tema, é citada para embasar a afirmação de que a cultura romana era intrinsicamente homofóbica, com normas sociais e legais que marginalizavam homens afeminados ou passivos.
Braga conclui que, embora houvesse variações e nuances, a homossexualidade na Roma Antiga estava longe de ser livre ou igualitária. A aceitação, quando existia, estava restrita a contextos específicos, como relações de poder entre senhores e escravos. Para ele, a sociedade ocidental moderna, apesar de seus problemas, oferece muito mais proteção e direitos aos homossexuais do que qualquer civilização antiga.
Por fim, o vídeo serve como um alerta contra a idealização do passado, lembrando que a história deve ser analisada com rigor e contextualização. A romantização de sociedades antigas como modelos de liberdade sexual ignora as evidências históricas e as complexidades culturais da época. Braga reforça a importância de estudar o passado sem anacronismos, evitando distorções que servem mais a agendas contemporâneas do que à verdade histórica.