Agricultura sintrópica é um método avançado de agrofloresta que alia produção agrícola à recuperação de áreas degradadas. Criado por Ernst Götsch, um suíço radicado no Brasil desde os anos 1980, o sistema foi desenvolvido na Fazenda Olhos D’Água, na Bahia, onde ele transformou uma área desmatada e abandonada em um ambiente produtivo e sustentável. Götsch, que completou 70 anos, é conhecido por sua capacidade de recuperar nascentes e atrair chuva, ganhando até o apelido de “chama-chuva” na região. Sua abordagem combina o plantio de árvores frutíferas, como cacau e jaca, com culturas anuais, sem o uso de produtos químicos, promovendo a regeneração do solo e da vegetação.
A agricultura sintrópica se baseia na ideia de que as plantas e árvores ajudam a circular a água no ambiente, formando nuvens e mantendo os ciclos hidrológicos. Götsch demonstrou a eficácia do sistema durante uma seca prolongada nos anos 1990, quando apenas os córregos de sua fazenda continuaram fluindo. Seu trabalho inspirou vizinhos e agricultores, que passaram a adotar práticas semelhantes. A família de Götsch também está envolvida na produção de cacau de alta qualidade, valorizado no mercado europeu, e em barrinhas energéticas feitas com banana e cacau, sem adição de açúcar.
Henrique Sousa, agrônomo da região de Jequié, Bahia, é um dos principais divulgadores das ideias de Götsch. Ele aplica a agricultura sintrópica em sua propriedade, onde cultiva uma variedade de alimentos, como alface, rúcula, tomate, milho, mandioca e banana, em um sistema que combina árvores frutíferas e nativas. O solo, rico em matéria orgânica, é mantido vivo e produtivo sem o uso de insumos externos. Henrique destaca que o sistema é contrário à entropia, promovendo a organização e a restauração do ambiente natural.
A agricultura sintrópica atrai centenas de pessoas anualmente para cursos na fazenda de Henrique, onde aprendem a implantar o sistema em pequenas áreas. Os participantes são orientados a plantar em linhas, combinando espécies de rápido crescimento com árvores de grande porte. O sistema permite colheitas sucessivas e a manutenção da renda do agricultor, ao mesmo tempo em que recupera o solo e a biodiversidade. Henrique enfatiza a importância da observação e da mão de obra qualificada para o sucesso do método.
O interesse pela agricultura sintrópica não se limita a pequenos agricultores. Grandes empresários também têm colaborado no desenvolvimento de máquinas e equipamentos para a produção em larga escala. A eficácia do sistema foi comprovada durante uma seca severa na região, quando áreas sob agricultura sintrópica não sofreram perdas significativas de produção. O cacau produzido nesse sistema é altamente valorizado, especialmente para a fabricação de chocolates finos.
Maria Vitória e Daniel, um casal de agrônomos, decidiram adotar a agricultura sintrópica na fazenda de soja da família em Goiás, buscando alternativas mais sustentáveis para o futuro. Eles enfrentam ceticismo na região, mas também observam um crescente interesse por práticas agrícolas mais ecológicas. A agricultura sintrópica é vista como uma solução viável para garantir a produtividade a longo prazo, especialmente em um contexto de mudanças climáticas e degradação ambiental.
O arquivo conclui destacando o potencial da agricultura sintrópica para se popularizar e transformar a agricultura convencional. A abordagem de Götsch e seus seguidores oferece uma alternativa sustentável e produtiva, capaz de recuperar áreas degradadas e garantir a segurança alimentar. O site da agricultura sintrópica e a plataforma Globo Play são indicados para quem deseja saber mais sobre o tema.