Thriller psicológico dirigido por Jeff Nichols, estrelado por Michael Shannon e Jessica Chastain. O filme acompanha Curtis LaForche, um marido e pai que começa a ter visões apocalípticas e alucinações, incluindo tempestades de chuva negra e ataques de pássaros agressivos. Enquanto luta para proteger sua família, ele se questiona se suas premonições são reais ou sintomas de esquizofrenia paranoide, doença que afetou sua mãe na mesma idade. A trama explora temas como saúde mental, masculinidade e os limites do amor familiar.
Curtis esconde seus medos da esposa, Samantha, e de sua filha surda, Hannah, canalizando sua ansiedade na construção de um abrigo subterrâneo no quintal. Seu comportamento obsessivo — como usar equipamentos de trabalho sem autorização e isolar-se socialmente — gera conflitos no emprego e na comunidade. A situação piora quando ele contrai um empréstimo para expandir o abrigo, deixando Samantha furiosa ao descobrir o projeto. Após uma overdose de remédios e uma convulsão, Curtis finalmente revela suas visões à família.
A saúde mental de Curtis se deteriora, e ele é demitido por faltas no trabalho, justamente quando a família se prepara para a cirurgia de implante coclear de Hannah. Com o seguro de saúde prestes a acabar, ele compra máscaras de gás e tenta, em vão, continuar o tratamento psicológico. Em um evento social, Curtis tem um surto violento, alertando todos sobre uma tempestade iminente. O incidente reforça a imagem de que ele está “louco,” especialmente após Dewart, um ex-colega, espalhar fofocas.
Quando um tornado real se aproxima, Curtis leva a família para o abrigo. Ao saírem, ele insiste que a tempestade ainda rug lá fora, mas Samantha o convence a abrir a porta. Eles encontram apenas vento e danos leves, sugerindo que suas visões eram delírios. Um psiquiatra recomenda que Curtis busque tratamento especializado após as férias em família. No entanto, no final, durante uma viagem à praia, Hannah sinaliza “tempestade,” e Samantha vê a chuva negra e nuvens apocalípticas que Curtis descrevera, deixando o destino ambíguo.
O filme foi aclamado pela crítica, com elogios ao roteiro de Nichols e à atuação intensa de Shannon, que rendeu a ele o prêmio Saturn de Melhor Ator. A narrativa minimalista e a atmosfera de tensão psicológica foram destacadas, assim como a abordagem sensível da esquizofrenia. O final aberto gerou debates, com interpretações variando entre a validação das visões de Curtis ou a representação de um delírio compartilhado.
Em entrevistas, Nichols afirmou que o cerne da história é a reconexão entre Curtis e Samantha, independentemente da realidade das visões. O diretor enfatizou que o filme é uma meditação sobre o matrimônio e a comunicação, simbolizada pelo olhar de cumplicidade no clímax. A ambiguidade, segundo ele, convida o público a refletir sobre suas próprias percepções de medo e realidade.
O Abrigo se destaca como um estudo psicológico profundamente humano, equilibrando terror existencial com drama familiar. A fotografia sombria e a trilha sonora tensa amplificam a paranoia do protagonista, enquanto a química entre Shannon e Chastain dá peso emocional à trama. O filme permanece relevante por sua discussão sobre saúde mental e a fragilidade da sanidade em um mundo incerto.