O professor explora a crescente repressão à informação econômica na China sob o governo de Xi Jinping. As autoridades chinesas ampliaram consideravelmente o escopo do que é considerado sensível, incluindo dados sobre economia que antes eram públicos. Postagens críticas são apagadas e comentaristas econômicos têm sido silenciados, o que prejudica a transparência e dificulta a análise da situação real do país. Isso levanta dúvidas sobre a base das decisões econômicas do governo e sobre a confiabilidade dos dados disponíveis.
Os dados oficiais chineses, especialmente os econômicos, são frequentemente questionados por sua falta de clareza e precisão. Há relatos de manipulação, como a exclusão de informações sobre o desemprego juvenil após um professor expor números elevados. Além disso, estatísticas importantes, como fluxos de capital estrangeiro e indicadores de crescimento, parecem cada vez mais dissociadas da realidade vivida por empresas e investidores locais.
A dificuldade de acesso a informações confiáveis não se limita ao público interno. Investidores e acadêmicos estrangeiros também enfrentam restrições crescentes em suas interações com autoridades e instituições chinesas. Mesmo reuniões com contatos antigos estão sujeitas a aprovação oficial. Essas barreiras têm dificultado análises aprofundadas sobre a economia chinesa, limitando a compreensão externa do que realmente ocorre no país.
A censura também afeta jornalistas estrangeiros e o acesso a bancos de dados relevantes, que foram restringidos ou tornaram-se inacessíveis fora da China. Empresas de dados deixaram de fornecer estatísticas consideradas sensíveis, e zonas econômicas especiais passaram a proibir a exportação de informações de mercado. A liberdade acadêmica, por sua vez, foi severamente reduzida, com a lealdade ao Partido Comunista se tornando um requisito institucional.
Apesar da repressão, alguns acadêmicos ainda tentam abordar temas sensíveis por meio de estratégias sutis, como esconder críticas em projetos aparentemente neutros. Pesquisadores evitam analisar diretamente as políticas do governo central e, em alguns casos, optam por guardar suas descobertas até que o ambiente político se torne mais seguro. O temor de represálias e a vigilância constante moldam a produção intelectual no país.
O governo chinês coleta informações por meio de uma rede de relatórios internos escritos por acadêmicos, jornalistas e think tanks estatais. Esses documentos, muitas vezes mais realistas que os materiais públicos, são direcionados às lideranças do Partido. No entanto, não se sabe até que ponto essas informações chegam efetivamente aos altos escalões do poder, ou se têm impacto real na formulação de políticas públicas.
Por fim, o professor destaca que o controle da informação cria um ambiente de incentivos perversos, no qual análises otimistas são melhor recebidas, mesmo que não reflitam a realidade. A centralização extrema do poder limita a implementação de reformas sugeridas. Em tempos de crescimento acelerado, essa opacidade era menos preocupante, mas com a economia chinesa enfrentando desafios, a falta de dados confiáveis pode se tornar um problema grave tanto para o governo quanto para observadores externos.