O gasogênio foi uma solução tecnológica desenvolvida para suprir a escassez de combustíveis derivados do petróleo durante períodos de crise, como as Guerras Mundiais. Esse sistema produzia gás combustível a partir da queima controlada de lenha ou carvão, conhecido como gás de síntese ou gás pobre, e foi adaptado para veículos automotores, incluindo caminhões, ônibus, carros e até trens. No Brasil, seu uso foi incentivado pelo governo federal, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando as importações de combustíveis foram drasticamente reduzidas.
A tecnologia do gasogênio já existia desde o século XIX, sendo utilizada inicialmente para iluminação pública e motores estacionários. O engenheiro francês Georges Imbert foi responsável por desenvolver um modelo compacto do equipamento na década de 1920, tornando-o viável para veículos. Durante a Segunda Guerra, a necessidade de alternativas energéticas impulsionou sua adoção em larga escala, tanto no Brasil quanto em outros países afetados pelo racionamento de combustíveis.
No Brasil, o governo criou a Comissão Nacional do Gasogênio em 1939, promovendo a produção e comercialização do sistema. Grandes montadoras, como Ford e GM, passaram a fabricar gasogênios, enquanto empresas menores, como a Laora Enzet e a Laminação Nacional de Metais, também entraram no mercado. O equipamento, no entanto, apresentava desafios, como perda de potência do motor, partida demorada e peso adicional aos veículos.
A adaptação do gasogênio não se limitou a veículos comuns. No automobilismo, o piloto Chico Land liderou corridas utilizando carros movidos a gasogênio, e até mesmo um avião experimental foi convertido para usar o sistema. Além disso, tratores agrícolas e veículos militares em outros países também adotaram a tecnologia. No Brasil, estima-se que cerca de 20.000 unidades tenham sido produzidas entre 1940 e 1945.
Com o fim da Segunda Guerra e a retomada da distribuição de gasolina, o gasogênio caiu em desuso. No entanto, sua importância durante a crise acelerou discussões sobre a política energética nacional, culminando na criação da Petrobras em 1953. Nas décadas seguintes, durante as crises do petróleo dos anos 1970, o gasogênio foi brevemente reconsiderado, mas outras soluções, como o álcool combustível, se mostraram mais viáveis.
Apesar de suas limitações, o gasogênio deixou um legado significativo. Sua tecnologia de gaseificação inspirou pesquisas modernas em biocombustíveis, utilizando resíduos diversos para produzir gás sintético. Hoje, o equipamento é uma raridade, encontrado principalmente em museus, mas sua história permanece como um testemunho da criatividade humana em períodos de adversidade.
Em suma, o gasogênio representou uma resposta crucial à escassez de combustíveis, movendo veículos e máquinas em um momento crítico da história. Sua trajetória, desde a ascensão até o declínio, reflete as mudanças nas necessidades energéticas e as inovações que surgem em tempos de crise.